sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fumaça

Tu pessoa encantada
Fruto dos brilhos
Das noites embaladas

Amante dos tons
Dos sons
Da rua enluarada

Resides no cais
Nos sais
Na estrada

Me fizeste prisioneiro de tuas entranhas
Dos aclives de tuas façanhas

Tu que me prendes em teus medos
Me seguras entre os dedos
Fazes de mim  os teus sossegos

Tu que me fazes tua desgraça
Me tornas a vida em fumaça

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quem sabe

Quem sabe
Um dia ele seja o que parece
Um amigo
Um anjo
Essa é a minha prece

Quem sabe
Ele seja o que diz
Saiba amar e ser amado
Ou apenas ser feliz

Quem sabe
Um dia ele seja o bom
Que não finja
Chute a bola
Que não tente
Faça o gol

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Você passa

Quando você passa
Eu acho graça
Do teu jeito de passar

Toda vez que passa
Me transpassa
Com teu jeito de olhar

Sempre que você passa
Leva a graça
Quando acaba de passar

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esses tempos

Não vou falar
Já desisti de ouvir
Agora vou seguir
A minha estrada

Meu coração
Anda
E fica
Sem limite ou tempo

Dores
Me sobram
Motivos pra festejar

Não vou ficar
E prometo não sair
Agora é só pensar na minha memória

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Além de dois

Ao estar só se pode amar
A dois
Se forma um par
Se pode amar

A mais
O amor não aguenta
A paz
Já não sustenta

O amor se vê partido
Mais que a dupla
Que vós sois

Já não há motivo pois
De sobrar corpo sem alma
Um amor além de dois

domingo, 25 de setembro de 2011

Poeta

Um ser do mundo
Que se lança a mares profundos
Se entrega a corações rasos

Um ser em extinção
Por falta de corações pra se entregar

Um ser que morre ao sentir no papel
Que sem nação morre no mundo
Pelo mundo

Que por tanto fazer ao mundo
Esta criatura
Divina
Não morre
Se torna em letras

sábado, 24 de setembro de 2011

Um soneto de mentira

Uma verdade a menos
Que só não aconteceu
A minha culpa foi :
Eu a disse ,o erro foi meu

Algo um tanto por acaso
Um motivo meio raso
Foi questão de um momento
Mais um pouco e eu me aguento

Foi assim o que eu te disse
Eu menti
Uma tolice

Não foi tolo no momento
Mais um minuto
Eu quase aguento

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Epitáfio

Aqui  jaz uma memória
Corpo inerte feito em pó
Que um dia foi mocinho
Ou quem sabe um bandido

Estou aqui a pensar
Que presente de tempo curto
É este chamado vida

Será que vale tanto esforço
Se ao pó voltaremos
E nada levaremos

E das nossas vidas o que sobrará?
Um simples epitáfio:

"Aqui jaz um homem
Que se preocupou muito
Em fazer nada de importante"

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Infinito (Parte 3 de 3)


[...]
É o inicio de uma morte.
Vivia-se numa  tranqüila realidade .
Onde sobrevivia o melhor adaptado.
Até que um dia.
Um belo dia.
A humanidade começou a caminhar.
Sem marcas.
Aproveitando apenas o que havia de ser aproveitado.
Vivendo como os outros.
Sobrevivendo como animal que foi.
Se adaptando ao meio.
Mudando de meio.
Um animal como deveria ter sido sempre.
As coisas começaram a mudar.
Só que  jeito diferente.
Muito mais rápido.
Muito rápido pra ser bom.
Foi então...
Que ao invés de se adaptar ao meio...
O homem começou  a adaptar o meio a si.
E foi tão divertido.
As máquinas.
Andando .
A fumaça .
Subindo.
As máquinas.
Andando.
A fumaça.
Subindo.
As máquinas.
Andando.
A fumaça.
Subindo.
Mas começou a perder a graça.
Foi ficando sem graça.
Sem graça nenhuma.
Foi ficando tudo um tédio.
Até que mudou de novo.
E mudou novamente.
E outra vez .
E mais uma vez .
E outra vez.
Os problemas começaram a acabar
E o tédio veio outra vez.
Por isso foram criados problemas.
As overdoses.
E drogas anti-overdose
Novas doenças surgiram.
E então novas curas surgiram.
E a distancias começaram a atrapalhar.
E aí foram encurtadas.
A estupidez aumenta.
Foi aí o grande salto.
E então mais problemas foram criados.
Só pra se ter mais o que resolver.
E resolvendo.
Ter mais o que lucrar.
E lucrando.
Ter mais problemas pra criar.
:E criando.
Mais o que resolver.
Mais o que lucrar.
 Mais o que criar.
Mais o que matar.
Mais o que matar.
Roubar .
E destruir.
O bom, cada vez melhor.
 O ruim, cada vez pior.
E o novo equilíbrio se estabeleceu.
E ao matar a humanidade escravizou e destruiu a natureza.
Ao roubar tirou a naturalidade das coisas do mundo.
Ao destruir acabou com os restos.
O que foi árvore.
Fumaça.
O que foi bicho.
Carniça.
O que foi mundo.
Morreu.
E todo o resto sou eu.
Meu objetivo é contar uma história.
Apenas  uma.
A última história.
Quando eu nasci.
Quando eu nasci.
Quando eu nasci tudo já estava condenado.
Meu objetivo é contar uma história.
Apenas  uma.
A última história.
Quando eu nasci.
Quando eu nasci.
Quando eu nasci tudo já estava condenado...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Infinito (Parte 2 de 3)


[...]
E o que passou é inevitável .Não volta.
A última história fala do que passou
Fala do que não vai voltar.
Fala do que eu fiz com o mundo.
Da lata de lixo em que eu transformei meu berço.
Era uma vez um dia.
Um dia na época em que nem os dias existiam.
Um dia no tempo onde não havia tempo.
O dia em que tudo começou.
O dia em quem o ciclo se iniciou .
No início era só uma bola de fogo.
Sem vida,
Nem possibilidade.
 E então as coisas foram esfriando.
Esfriando...
Esfriando.
Foi então que percebeu-se água
E terra .
Separados .
E juntos.
Foi aí na água
Que ainda fervia.
Foi aí
Que sob raios e trovões.
O que um dia seria chamado de vida.
Começou a surgir.
Começou tímida.
Começou a competição.
Desde aí .
Sobrevivia o que melhor se adaptasse.
Sem consciência .
Só reproduzindo.
A coisa esfriou mais.
A vida foi pra terra.
Foi rastejando.
Rumo ao desconhecido.
Começou a crescer e tomar conta.
Grandes.
Pequenos.
Animais.
Vegetais.
Espalhados pela terra seca.
Tomando conta de tudo.
Mas estava tudo certo.
Como deveria ser.
Todos obedeciam a lei primordial.
Sobrevive o melhor adaptado.
Rumo ao desconhecido.
Novamente a história começa a caminhar rumo ao desconhecido.
Eras se passaram .
O equilíbrio se estabeleceu.
Tudo nascia crescia.
Se reproduzia envelhecia.
E então morria.
Como deveria ser.
Predadores e presas.
Um mesmo destino.
Sujeitar-se  a natureza.
A única opção.
Soa estranho .
Muito estranho.
Gritante!De tão estranho...
A rotina começou a mudar.
 E eis que chega o dia.
O dia que provou , que o nascimento...
[...]

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Infinito (Parte 1 de 3)



O ano,não importa qual.Mês e dia,muito menos.
Se bem pensar ,nada mais importa.
Não existe mais pelo que esperar.
A esperança se foi junto com a última  árvore.
Meu objetivo é contar uma história.
Apenas  uma.
A última história.
Quando eu nasci.
Quando eu nasci tudo já estava condenado.
Condenado por um crime cometido por tolice.
Condenado por uma criatura.
Apenas uma entre milhões de criaturas.
 Uma criatura que agradeceria  por existir.
Destruindo todas as outras.
Não há  mais o que lamentar.
Não mais.
Mas ainda existe algo a fazer.
Ainda há o que contar.
Só não existe alguém para ouvir.
Era uma vez um planeta azul.
Azulinho.
Azul e verde.
Só que não era  bom o bastante.
Era bom o bastante.
Não o bastante para mim.
Então eu resolvi mudar tudo.
Deixar do meu jeito.
O verde começou a queimar.
A azul começou a ficar cinza.
Foi então que eu tentei parar.
Eu disse que não precisava.
Eu sentei e chorei.
Um planeta tão lindo.
Lindo mesmo.
Era tudo perfeito,um mundo pronto para se viver.
Até que chegou um tempo  em que as estações do ano.
As quatro .
Só apareciam nos livros de história.
Aí eu me dei conta.
Me dei conta de que já não dava mais.
De que dali seria só esperar.
E ver morrer o lugar que me deu vida.
Eu bem que tentei.
Tentei encontrar um outro lugar.
Mas o único lugar .
Num raio de milhões de anos luz.
O único lugar em que se poderia viver
Eu destruí
Não foi de propósito!!!
Não!!!
Não!!!
Foi pelo progresso.
Isso o progresso.
O progresso.
Eu criei curas para todas as doenças que existiam.
Criei curas para todas as doenças.
Eu curei tudo.
Eu criei todas as doenças.
As minhas invenções deixaram o mundo mais prático.
O que eu inventei tornou o mundo mais prático.
As minhas invenções deixaram o mundo melhor.
O que eu inventei criou os problemas que eu tive que solucionar.
Eu tentei fazer o melhor para mim.
Eu tentei deixar o mundo mais simples .
Eu organizei uma bagunça não existia.
Mas isso não é o que importa.
Não,não é.
Não mesmo.
Isso eu não preciso dizer.
Isso não precisa ser dito.
Isso eu posso ver daqui
Mas antes eu não podia .
Antes já passou.
[...]

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Assimétrico

                     S    penso
                  I
              A
          M
              E
                 N
                    O
                       S   concluo
                                          Penso  N
                                                     E
                                                     G
                                                     A
                                                     T
                                                      I
                                                     V                                
                                                     O